+ JOSÉ CARLOS CAPINAN, POR VLADIMIR CARVALHO + CONVERSA COM TARIK DE SOUZA SOBRE “SERGIO MENDES E O TOM DA ALEGRIA” (HBO GO)

***SAUDAÇÃO AOS 80 ANOS DE CAPINAN, POR VLADIMIR CARVALHO

*** NA REVISTA DE CINEMA:Uma conversa com Tárik de Souza sobre o longa documental “Sérgio Mendes e o Tom da Alegria” (HBO GO), filme gringo que conta com riquíssimo material de arquivo, mas transforma o pianista em uma espécie de super-músico capaz de fazer tudo sozinho. Outros grandes instrumentistas, que com ele colaboraram, são “apagados”…

*****ALMANAKITO EM MIGRAÇÃO PARA O FACEBOOK :

*** Recebi, de um leitor do Almanakito, depois de avisar que este está rareando, pois, de alguma forma, encontra-se em processo de migração para o facebook (em forma de posts ilustrados), o e-mail que transcrevo abaixo:
“Ah, não deixe morrer não, o Almanakito é um sopro de vento bom na minha caixa de e-mails. Eu saí do Facebook. Já éramos amigos lá, mas desativei a conta desde os tempos do escândalo do Cambridge Analytica. Também perdia muito tempo lendo postagens, me indignando, comentando, não conseguia me controlar, achei melhor sair, pois hoje em dia não tenho uma ocupação formal que me obrigue a monitorar e gerenciar páginas e coisas assim. E, depois me conte o que achou do “Olhos de Fogo”, curta baseado em conto do escritor Antonio Carlos Viana. Beijos mcr

*** Como resistir a tanta gentileza e carinho? Ely Azeredo, Sylvie Pierre, enfim, os que não estão no facebook, gostam, como eu, do e-mail.
Mas o UOL virou um “inferno”. Está comemorando 25 anos com “tudo renovado”!!!!!. E não dá opção aos que gostavam dos formatos antigos de preservá-los
(aqueles que nos permitiam aumentar as letras, colorir, etc – se esses recursos ainda existem, não sei onde encontrá-los!!!).
Então, farei alguns Almanakitos, mas sem a periodicidade dos tempos do outlook e do Uol, do qual eu gostava tanto.

*******NA REVISTA
DE CINEMA: UMA CONVERSA COM TARIK DE SOUZA SOBRE O DOCUMENTÁ RIO “SERGIO MENDES NO TOM DA ALEGRIA”:

http://revistadecinema.com.br/2021/05/sergio-mendes-narra-seus-exitos-internacionais-no-singular/

**POLÊMICA SOBRE NOVO DISCO DE JESSICA AREIAS:

  • Leiam, no Estadão (dia 27 ou 28 de abril), texto de Júlio Maria sobre o CD da cantora angolano-brasileira Jéssica Areias. E coluna do escritor José Eduardo Agualusa, em O Globo (01-05-21), sobre o CD, o final do texto de Júlio, e sobre “apropriação cultural”.
  • *“PROIBIDO NASCER NO PARAÍSO”: novo filme de Joana Nin estreia nessa terça-feira, no GNT. Está, também, disponível no streaming (GloboPlay)
  • SÉRIE “AS PROTAGONISTAS”, de Tata Amaral. No canal Cine Brasil TV
  • *RICARDO ANTUNES

é o primeiro convidado de Mário Vitor Santos em “Forças do Brasil”, novo programa da TV 247:


Mario Vitor Santos entrevistou, no sábado, 1⁰ de maio, na estreia do programa “Forças do Brasil”, o sociólogo do trabalho Ricardo Antunes. No YouTube da TV247. O programa se propõe a
entrevistar especialistas em diferentes áreas para examinar, de maneira mais reflexiva e aprofundada, os temas da atualidade. Ricardo Antunes,
sociólogo e pesquisador da Unicamp,
abordou, no dia do Trabalhador, a uberização, “A Crise do Trabalho” e as perspectivas para o futuro. ****FORÇA DO BRASIL – Todos os sábados

Sábados, 18h00 — TV247

Seguem dois artigos de Ricardo Antunes, um em co-autoria, publicados no Primeiro de Maio:

***1º de Maio: o que comemorar?…

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/05/1o-de-maio-o-que-comemorar.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail

****OUTRO ARTIGO:

https://diplomatique.org.br/a-pandemia-da-uberizacao-e-a-revolta-dos-precarios/

**NYT TIMES COMPARA“Marighella”, de Wagner Moura, a “Batalha de Argel”, de Gillo Pontecorvo. Filme brasileiro estreia dia 4 de novembro, nos cinemas.

https://www.nytimes.com/2021/04/29/movies/marighella-review.html

**NO CANAL BRASIL:AMANHÃ, TERÇA-FEIRA, 4 DE MAIO: NO LATINIDADES: “A CRIADA” (LA NANA), FILME CHILENO (imperdível, 22h00) e “UM ANO SEM ALDIR BLANC”– CURTA INEDITO SOBRE O COMPOSITOR (horário vespertino)

* OS OITENTA ANOS

DE CAPINAN

Vladimir Carvalho

Cineasta, professor emérito da UnB

Reencontro José Carlos Capinan no

espaço virtual das lives que têm sido realizadas em seu louvor pela passagem dos seus oitenta anos, neste mês de abril. A longa e veneranda barba encanecida e os óculos de lentes mal escondem o espírito inquieto que sempre o norteou. Recordo-o entregue àquele sopro de vento propício que tanto bulício trouxe à cultura e às artes baianas naqueles primeiros anos de 1960. Àquela época, já desfrutávamos do impulso trazido por JK aterrissando Brasília no Planalto Central e, vencido o desastroso interregno de Jânio Quadros, vivíamos os agitados, mas esperançosos tempos de João Goulart. Esses ares de renovação vieram encontrar a Bahia vivendo a herança recente da atuação de Edgar Santos em luminoso reitorado.

Então, a terra de Castro Alves regurgitava, pode-se dizer mesmo que fervilhava de talentos emergentes, uma onda de novos criadores. E a Bahia iria lhes dar régua e compasso, numa espécie de renascimento, quando partiram na arribada para o Rio de Janeiro e São Paulo, a partir de onde a mídia era cada vez mais estridente. Foram os casos de Gilberto Gil, Caetano, Tom Zé e, naturalmente, do próprio Capinan, entre outros.

Fui testemunha privilegiada dessa onda benfazeja. Paraibano desgarrado entre 1962-63, cursava filosofia em Salvador e fui apresentado de forma generosa ao pessoal de cinema por Orlando Senna, amigo solidário. Ali levei a vida que pedira a Deus, transitando do restaurante universitário, no Corredor da Vitória, para as concorridas audições da escola de música, chamadas de Seminários, e para a Escola de Teatro, onde assisti aos espetáculos de Brutus Pedreira, tudo ali no bairro do Canela, perto da minha pensão. Foi nesse cenário que travei conhecimento com os três mais extraordinários baianos de minhas relações de amizade: Caetano Veloso, meu colega de turma na faculdade; Emanuel Araújo, que se tornaria renomado xilogravador e futuro curador-mor da Pinacoteca de São Paulo, e o jovem poeta inédito, Capinan, que assisti surgir para a glória ainda nos seus verdes anos. Eles todos ainda ralavam nos bancos universitários em forma larvar por assim dizer.

Detenho-me em Capinan, que era o capeta, um sátiro, aprontando com os colegas uma doce molecagem nas mesas de nosso refeitório. Sempre carregado de livros e textos de peças que ensaiava, achava tempo para trotes e maliciosas brincadeiras. O sujeito se levantava da mesa para ir repetir o prato, e ele, sorrateiro, com mão de gato, tascava pimenta no suco da vítima, só pelo gozo de vê-lo na volta refugar a bebida no copo. Talvez o espírito de um Oswald Andrade ou de Gregório de Matos baixasse nessas horas com a irreverência que os caracterizava. Entretanto, à noite, na sede do Centro Popular de Cultura – o CPC da Bahia – não havia ninguém mais sério e compenetrado do que ele, dirigindo esquetes de teatro, escrevendo e encenando quase simultaneamente. Era um outro Capinan na linha de frente, com Tom Zé, comandando esses ensaios. Trago ainda vivo na memória, um espetáculo de Bumba meu Boi, de autoria da dupla, que foi o maior sucesso não só na Bahia. Era um libelo contra o trust dos frigoríficos estrangeiros, o conhecido Swift que dominava o mercado internacional da carne. Naquele tempo, vivíamos a nossa luta de estudantes, enfrentando o chamado na época imperialismo, com um bumba meu boi que carregava faixas subversivas, do tipo “yankee go home”, “Cuba si, yankee, no”. Concentramos o colorido desfile no Campo Grande e atravessamos todo o centro da cidade, subindo pela contramão a Rua Chile até o Terreiro de Jesus, onde a festa-comício acompanhada da multidão se encerrou, sob os aplausos gerais.

Foi dessa forja e desse cadinho incandescente de talentos que surgiu o poeta de corpo inteiro, que migrou para São Paulo e para o Rio de Janeiro, sem nunca arredar pé de sua Bahia, de sua autenticidade, de seu espírito público que o levou a assumir como secretário de estado da cultura, sem que isso abalasse uma rima sequer, sem que relaxasse uma sílaba de sua métrica. Leitor de poesia, jamais me enganei pois sempre curti em José Carlos Capinam um dos maiores, senão o maior poeta de sua geração, letrista extraordinário que foi e será sempre, ao lado de Edu Lobo. Para mim não foi necessário ler José Guilherme Merquior em ensaio consagrador sobre o seu livro Inquisitorial, louvado também pelo saudoso e inesquecível editor e escritor Ênio Silveira, em “orelha” célebre da Civilização Brasileira. Por tudo isso é que estou aqui para louvar o mestre e amigo Capinan. Que tenha vida ainda mais longa e produtiva!