* GLAUBER ROCHA VIU “LIMITE” ANTES DE ESCREVER “REVISÃO CRITICA DO CINEMA BRASILEIRO”?
* Se o baiano viu o filme de Mário Peixoto, em 1958 (ou 1959), por que omitiu tal informação em seu livro?
Por Maria do Rosário Caetano
Segue mais um texto na troca de ideias em torno de questão que julgo relevante para a historiografia do cinema brasileiro: se Glauber teria visto (ou não), “Limite”, antes de escrever “Revisão Crítica do Cinema Brasileiro” (Civilização Brasileira”, 1963).
Resumindo os fatos. Em “masterclass” realizada em 19 de maio (2021), sobre os 90 anos de primeira exibição pública de “Limite”, pelo professor (da UFRJ) e pesquisador Denilson Lopes (com mediação de Hernani Heffner (professor da UFF e gerente da Cinemateca do MAM), este afirmou que Glauber vira, sim, o filme de Mário Peixoto, em 1958.
Escrevi, então, para a Revista de Cinema, matéria na qual Hernani Heffner detalhava as fontes de tal afirmação. A principal, Saulo Pereira de Mello (morto em 2020), incansável zelador do patrimônio fílmico e documental do cineasta Mário Peixoto (1908-1992). E, em certa medida, deu a entender que os cineastas Paulo Cezar Saraceni e Mário Carneiro, também afirmavam que Glauber vira o filme, “Limite” (o “Limito”).
No longo e detalhado texto abaixo, Heffner responde a questões que lhe foram colocadas por Humberto Pereira da Silva, autor do livro “Glauber Rocha, Cinema, Estética e Revolução”).
Agora, sem nenhuma ambiguidade, Hernani Heffner dá a entender que sua fonte principal e única é Saulo Pereira de Mello. E reafirma que além de dizer que Glauber vira o filme, Saulo lhe mostrara foto feita no restaurante Albatroz, no Rio, após a sessão. (Estou em busca dessa foto, por enquanto, só consegui ver, no livro “Jogos de Armar – A Vida do Solitário Mário Peixoto, o Cineasta de Limite” (Lacerda Editores, 2000), foto de Glauber com o amigo Brutus Pedreira, com Mário Peixoto e outros, no restaurante LUCAS, em Copacabana, datada genericamente: “nos anos 1960”).
Hernani Heffner, pesquisador seríssimo e autor de estudo sobre Edgard Brazil, fotógrafo de filmes de Humberto Mauro e de “Limite”, fornece farta argumentação para defender o que acredita ser um fato: Glauber viu “Limite” antes de publicar “Revisão…”.
Algumas de suas afirmações — ele mesmo admite – necessitam (exigem) estudo mais profundo.
Defendo, com empenho, que tais estudos sejam feitos. Com seriedade e sem paixão. Como fez João Luiz Vieira, ao desmontar, em 1987, a ideia até então corrente, que Sergei Eisenstein havia visto “Limite” em Londres (ou Paris) e escrito crítica consagradora do filme.
Na primeira edição da “História do Cinema Brasileiro” (obra seminal organizada por Fernão Ramos, Art Editora, 1987), Vieira – professor da UFF, que foi aluno de Jay Leyda