* CINEOP 2017 (MOSTRA DE
CINEMA DE OURO PRETO):

* CINEOP 2017 (MOSTRA DE
CINEMA DE OURO PRETO):

— NO MUSEU DO ORATÓRIO
(ANEXO DA IGREJA DO CARMO)

Num dos intervalos da maratona de debates e filmes que compõem a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, Zanin e eu encontramos tempo para ir conhecer — finalmente! — o
MUSEU DO ORATÓRIO, em OURO PRETO.
Já havia lido muitas reportagens sobre o Museu, criado com oratórios da coleção da Família Gutierrez, da qual faz parte Ângela Gutierrez, ex-secretária de Cultura de MG (creio que do Estado, mesmo. Ou será que foi do município de BH??). O que Zanin e eu vimos ultrapassou em muito (positivamente) o que esperávamos. O espaço museográfico, que fica em Anexo da IGREJA DO CARMO ouro-pretana, é maravilhoso. Acervo variadíssimo, arrebatador. Uma aula sobre a religiosidade brasileira — e mineira em especial. Nasci no interior de MG (Coromandel, no Alto Paranaíba) e sei o que é crescer numa família católica até mais não poder. Hoje sou atéia. O que não me impede de me interessar por arte sacra. O Museu é muito bem organizado, espaçoso, bem iluminado, com ótimos textos explicativos. (Um pequeno senão: os mineiros cultivam muito a língua portuguesa, mas vi no Museu do Oratório dois usos inadequados
de “onde”. Um dos textos explicativos, referia-se a expressão temporal e
o ONDE (advérbio de lugar) não caberia ali de jeito nenhum. O certo seria QUANDO… Mas isto é detalhe, frente ao que realmente interessa:
os ORATORIOS dos mais diversos tipos
. Oratório de quarto de donzela (para que moças rezassem, decerto para arrumar um “bom casamento”)
. Oratórios de algibeira (que podiam ser carregados em bolsos do vestuário ou junto ao corpo do fiel)
. Oratório de acampamentos de muladeiros ou tropeiros (ou seja, aqueles frente aos quais pessoas, que usavam mulas ou comandavam tropas Brasil a dentro, faziam suas orações)
. Oratórios itinerantes (para viagens. Famílias muito religiosas os levavam em suas bagagens para rezar onde estivessem, em que cidade ou sítio fosse). Com formatos de mala ou baú (visão externa).
. Oratórios de Prática Religiosa Doméstica (estes, os que adornavam lares e serviam como ponto de orações coletivas ou individuais, dentro do recesso do lar)
. Oratórios Afro-Brasileiros – Devido ao sincretismo religioso (a Igreja tinha certa tolerância com tais artefatos), os oratórios de escravos traziam, de alguma forma, sua cosmogonia, ligada à natureza, acrescida de elementos de fetiche (moedas, terços, ex-votos, quadrinhos de santos, gravuras, contas de colares de Candomblé, flores, etc)
. Ermidas — Usuais em casas grandes e fazendas do Nordeste.
As ermidas são pequenas capelas domésticas. Para serem consagradas, necessitavam de autorização da hierarquia eclesiástica, que agia de forma lenta e burocrática.
. Oratórios eruditos — Estes são os mais sofisticados, os que adornavam casas dos muito-ricos. São de refinamento estético espantoso.
. Oratórios conchas: são de grande originalidade. Feitos inteiros com conchas pequeninas (e outras maiores)
. Espaço para Santo Antônio: o santo casamenteiro (Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa) tem espaço próprio no Museu do Oratório. A Carula/Fernandinha Torres, de “Marvada Carne” (André Klotzel, 1985)
ia adorar….
. Espaço Cênico do Batizado — Um imenso Oratório encontra-se na ambiência do batismo, com o religioso, o bebê, que recebe
o sacramento, e os pais (ou padrinhos?).
**** Colocarei, no “facebook” dezenas de fotos dos vários tipos de Oratórios do Museu ouro-pretano. Quem visitar o espaço terá autorização para fazer quantas fotos quiser. Só não pode usar flash.